6 de dezembro de 2009

Troubadour - J.J. Cale (1976)

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Escutei o nome J.J. Cale a primeira vez há vários anos quando ainda morava em Pelotas e pensava ter desistido em definitivo dessa vida de roqueiro. Me atirei de cabeça na lógica da computação como uma fuga desesperada pra me livrar do vício da música. Mas, cachorro que come ovelha só matando - como diria o povo ali da fronteira.

Tinha um cunhado na época que não me deixava esquecer a minha origem roqueira, por mais nerd que pudesse estar na ocasião. Sempre que tinha algum show em Porto Alegre – ele morava aqui na época – eu vinha pra gente ver e depois claro, bebíamos algumas e ficávamos escutando CDs e falando sobre roque evidentemente.

Numa dessas fadadas noites, entre um drink e outro ele me apresentou o cara que tinha feito a música “Cocaine” hit do Eric Clapton – pra mim do Eric Clapton até então - na verdade me apresentou a coletânea Special edition de J.J. Cale (1984). Lembro que me chamou atenção à forma como ele cantava parecido ao Eric Clapton e de como gostei mais das duas versões originais de cocaine e after midnight do que as regravadas pelo Clapton.

De lá pra cá nunca mais falei que after midnight era do Clapton, sabia que era do tal J.J. Cale. Mas quem era J.J. Cale além das músicas “cocaine e after midnight” eu não sabia.

Foi então que numa dessas minhas freqüentes noites de insônia, em que tava pesquisando num blog de álbuns completos algo pra baixar, eu vi esse álbum “Troubadour” de J.J. Cale e me lembrei que era o cara da “Cocaine”, casualmente era o álbum em que a música foi originalmente lançada em 1976, baixei na hora.




Troubador é um daqueles discos que tu escuta de ponta a ponta e quando acaba da vontade de escutar de novo. É uma música madura de um cara que já começou sua carreira maduro – lançou seu primeiro álbum aos 33 anos de idade em 1972 – com elementos de blues, jazz, rockabilly, country e com quase todos os instrumentos executados pelo próprio, Troubadour é um ótimo exemplo do estilo que J.J. Cale é um dos criadores, o “Tulsa Sound”, estilo esse que acabou influenciando vários artistas como Eric Clapton, Mark knopfler, Neil Young e Tom Petty

O disco abre com os ótimos metais de “Hey Baby” e depois embala na muito parecida com after midnight, “Traveling light” - onde se escuta uma guitarra que poderia se dizer com toda certeza que era do Eric Clapton - por sinal, hoje entendo que quem canta parecido com o J.J. Cale é o Eric Clapton e não o contrário como pensei na época que escutei a cocaine original.

Minhas preferidas do álbum são “Ride me high” e “Cherry”. Ride me high pelos timbres usados e pela macheza da levada, Cherry por ser uma singela canção de amor com uma percussão maravilhosa.



J.J. Cale lançou esse ano o seu mais recente trabalho chamado “Roll on” e apesar de ter ganhado o Grammy em 2008 com “The Road to escondido” - trabalho conjunto com Eric Clapton – ele continua avesso a badalação do mundo artístico e somente após muita insistência ele saiu em turnê esse ano, depois de longos 5 anos longe dos palcos.

Eita caipira cool man!



http://www.jjcale.com/

http://www.myspace.com/jjcale

10 de novembro de 2009

chuva, calha, gripe e roquenrol

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No dia 31 de outubro, sábado, minha adorada Valentina estava gripada. Pensei: humm, não posso me gripar, falta uma semana pro GIG Rock.

Adivinha? Não deu outra, começou de leve na segunda e foi num crescendo, crescendo até o ápice na sexta feira, véspera dos shows. Depois de muitos paracetamol e chá de tudo que é coisa contra gripe, acordei no sábado me sentindo estranho, mas não só estranho da gripe, tinha algo mais no ar e claro, chovia sem parar.
Cheguei pra fazer a passagem de som e aparentemente tudo corria normalmente. Continuava chovendo sem parar.

Aproveitei que tudo estava andando conforme o cronograma e fui ao escritório pegar a lista do pessoal que se inscreveu para trocar o lixo por ingresso – que por sinal, sem falsa modéstia, minha idéia foi um sucesso. Pronto já fiz meu marketing pessoal. – e quando voltei, ou melhor, quando voltava, comecei a entender a sensação estranha que sentia.

Toca meu celular e o Guilherme Brasil (produtor GIG Rock):

- Caco! Caco! Onde tu ta??
- opa, cara, to no taxi voltando...
- cara, ta chovendo no palco!!
- ...
- caco?

Pedi pro cidadão do taxi acelerar um pouco e notei que meu pedido foi de uma infelicidade total. Nesse momento caia uma tromba d’água sobre Porto Alegre, mal dava pra ver a rua de dentro do carro.
Em menos de 5 minutos entrei pelo acesso lateral da casa do gaucho - que dá de frente pro palco - e me deparei com a situação.
Não tava chovendo no palco, havia uma catarata no palco! A única coisa que me ocorreu nesse momento foi colocar as duas mãos na cabeça e pensar: fodeu!

Ah, eu me esqueci de dizer, eu estava responsável pela direção de palco... Ou seja, cabia a eu dar um jeito “naquilo”. A pergunta era: má de que jeito!?

O pessoal do som e luz corria de um lado para o outro tirando tudo que podiam de baixo da “delicada goteira” que gentilmente insistia em inundar o palco, os roadies e o produtor do Pato Fú – banda que deveria estar passando o som nesse momento – não escondiam a cara de desagravo com a situação. Terror e pânico!

Falei com o responsável pela casa e pedi uma solução.

- ah, isso é problema na calha, deve ter caído umas folhas e entupiu. Daqui a pouco a chuva passa e daí fica tudo certo.

Confesso que pensei em pular no pescoço dele.

- Meu senhor, entenda uma coisa, essa chuva não ta com a menor vontade de parar e eu tenho um evento que começa as 14 horas que de forma alguma pode acontecer com um palco alagado. O senhor vai subir lá agora e desentupir a maldita da calha ou chamar alguém ou sei lá o que, mas eu quero essa cachoeira resolvida certo?

Ele me olhou com uma cara de quem ia argumentar alguma coisa, mas desistiu no meio do caminho, creio que minha cara não era das melhores nessa hora. Pra ter certeza que ele realmente ia colocar alguém no telhado, colei do lado dele e fomos pra chuva com o zelador da casa que subiu pra arrancar as calhas.



Passava das 13 horas quando o problema foi finalmente resolvido, ainda tinha que secar e remontar o palco pro pessoal do Pato Fú começar a passar o som. O atraso era inevitável.
A passagem de som terminou às 17 horas, hora que deveria estar entrando no palco a primeira banda, claro, isso na programação normal, na programação dilúvio estava começando a palestra do Marcelo Ferla. Aproveitei pra ir em casa trocar de roupa – tava ensopado - e comer alguma coisa.

Voltei e já colocamos a banda Procura-se quem fez isso no palco, o show começou as 18:30, uma hora e meia de atraso, as conseqüências disso eu sentiria no final da noite. O engraçado é que até agora não sei quem são os caras da banda, eles tocam com um figurino muito maluco, com uma meia preta e uma cartola com aquela luz de mineiro na cabeça. Show bacana, não conhecia a banda e curti o que vi.

O Sobrado 512, próxima banda a tocar e que queria passar o som e não pode devido ao problema do palco, subiu na hora mas demorou uns 10 min. pra “afinar” os instrumentos, não gosto de ser grosso, mas os cariocas me tiraram do sério. Depois compensaram com um show rico em musicalidade, mas assim, aquela coisa carioca, que não é roque não é samba e não é samba roque. Não é minha praia.

Quando entraram os Gulivers eu já estava mais calmo, afinal o que tinha que dar errado já tinha dado... Foi quando na terceira ou quarta música dos guris as luzes do palco se apagam. Esperei uns segundos pra ver se não era alguma coisa do show mesmo, mas infelizmente não era. Foi a vez do gerador dar pau. Nova correria pra ligar a luz em linha e ver o que tinha ocorrido com o gerador. Segundo o cara da empresa que alugou o gerador aconteceu algo raro, tipo não sei o que na biela, até agora não sei o que ele tentou dizer, mas sei que não tinha conserto e não tinha outro pra substituir. Ótima notícia. Se tivesse uma queda de luz ia ficar tudo no escuro e sem som.

Não tinha o que fazer, a não ser procurar onde tinham enterrado o sapo.

O show dos Gulivers - apesar do detalhe da luz - foi um pouco nervoso no início e o som estava um tanto embolado, mas depois embalou e fizeram um bom show.

Na seqüência tocaram os Valentinos e os uruguaios do Hablan por La Espalda, banda que também não conhecia e que irei atrás de mais coisas pra conhecer melhor, os caras mandaram um roque latino com muita pegada e uma clássica performance rocker. Gostei.

Os Walverdes pra variar quebraram tudo e fizeram pra mim um dos melhores shows da noite, ficando atrás apenas da impagável Graforréia Xilarmônica.

As próximas atrações FENX e Dante inferno (Uruguai) a meu ver poderiam ter ficado em casa, a FENX por não ter nada a ver com o festival - lugar de eletro rock e nas pistas ou em rave - e a Dante inferno pelo fato de estarem tão bêbados que não conseguiam afinar os instrumentos, show horrível, pode até ser que a banda seja boa, mas a impressão que deixaram foi péssima. Pior show da noite sem dúvida.

O Tonho Croco é o cara do momento no que se refere a samba roque. Com excelentes músicos colocou a galera pra dançar com vários sucessos da Ultramen, preparando bem o terreno pro show da Malu, deixando a galera bem mais receptiva e descontraída.

Os shows da Malu Magalhães e do Pato Fú foram um primor de profissionalismo.



O show da Malu teve seu momento alto na esperada participação do Marcelo Camelo, que pra delírio da galera, pegou a Malu no final do show e dançou bem agarradinho alimentando mais o suposto namoro deles na imaginação dos fãs. Boatos a parte, o que vi ali do palco foi dois artistas felizes e com um respeito mútuo, fazendo um espetáculo de alto nível musical, com arranjos bem trabalhados e uma banda em perfeita harmonia.



O mesmo posso dizer do Pato Fú e a ótima Fernanda Takai, que fechou o show com umas “guampinhas de capeta com luzes” e uns óculos escuros, cantando um gutural com sua delicada voz, só vendo.
Terminados os dois shows “mainstream” da noite, me sentia mais aliviado, tinha tudo corrido perfeitamente com eles (tava na hora de tudo dar certo mesmo!), sem problemas de som e no tempo correto de troca de palco.
Agora nos encaminhávamos para o final do evento com Graforréia, Bidê ou Balde, Efervescentes e fechando a noite Tenente Cascavel.

A Graforréia fez um showzaço, pra mim o melhor da noite, com direito ao John do Pato Fú pagando de tiete do mestre Frank Jorge, isso que já era alta madrugada nesse momento e o cansaço já era geral, sem falar na bebedeira do povo que atrolhou o camarote open Beco. Mas a galera não queria saber de nada disso e cantou e pulou o show inteiro, coisa que se repetiu em uma proporção um pouco menor no também ótimo show da Bidê ou Balde, com a sempre insana performance do Carlinhos que pulou a cerca de proteção e foi pro meio da galera cantar jogado no chão. Doido de pedra esse Carlinhos.



Os Efervescentes entraram já com a xepa do público e talvez um tanto pelo horário e cansaço geral, fizeram um show sem emoção, mas com o profissionalismo de sempre, mais que compreensível.



Faltava apenas Tenente Cascavel e minha missão (árdua missão depois de tudo isso) estava completa. Montamos o palco em uma velocidade vertiginosa, afinal assim como o público eu já me sentia a própria xepa da xepa, minhas pernas tremiam e meu estomago era um embrulho só, sem falar na cabeça latejando. Foi começar a primeira música e corri pro banheiro do camarim que havia sido do Pato Fú e vomitei.
Ainda não sei o porquê, creio que tenha sido pelo stress ou pela quantidade de medicamentos que tomei pra gripe, mas o fato é que depois disso não tinha mais condições de nada, nem me despedir do pessoal eu consegui, entrei no taxi e toquei pra casa.

Quando desci do carro a chuva parou e amanhecia no domingo em Porto Alegre.

Eu sobrevivi. E o GIG Rock também.

30 de outubro de 2009

GIG Ecologia

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Reciclar, mudar, transformar: o GIG Rock acredita nisso


O Gig Rock fez uma parceria bacana com a Prefeitura de Porto Alegre, uma iniciativa ecologicamente correta. O lance é o seguinte: quem levar um saco de 50 litros de lixo reciclável poderá trocar por um ingresso do Gig Rock. O processo é bem simplinho. O cara se cadastra no site contato@beco203.com.br (nome,+ RG + e-mail) e se compromete em levar o lixo no dia do evento - dia 7 de novembro na Casa do Gaúcho. Lá chegando, se dirige diretamente ao caminhão do DMLU que estará estacionado por lá (a partir das 10h) e troca seu lixo por uma senha. Depois é só passar na bilheteria e pegar seu ingresso. Cada pessoa terá direito a uma troca: um saco de lixo por um ingresso. Este lixo arrecadado será doado para uma cooperativa de catadores de lixo. Ou seja, a pessoa faz o que é certo pra natureza e ainda ajuda um montão de gente que vive desse trabalho. Os 100 primeiros ingressos já estão valendo, portanto já dá pra ir se cadastrando.



O Gig Rock apresenta nesta edição um casting de peso, realmente imperdível: Pato Fu, Mallu Magalhães - com participação especial de Marcelo Camelo -, Tonho Crocco, Tenente Cascavel, Bidê ou balde, Graforréia Xilarmônica, Walverdes, Valentinos, FENX, Gullivers, Os Efervescentes. E mais: duas bandas uruguaias, a Dante Inferno e Hablan por la espalda estarão aqui abrindo os trabalhos para uma iniciativa bacana de parceria com a cidade irmã Montevidéu. Os dois shows de abertura serão feitos por bandas do Oi Novo Som. O festival se incia às 15h com as palestras Todo Rock e o Mercado Lado B, e segue com os shows até a madrugada. O patrocínio é da OI FM.



28 de outubro de 2009

Poker, roquenrol e a sabotagem da Net

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Corri o dia inteiro colando cartazes e distribuindo flyers do GIG Rock pra poder ficar com a noite livre pro meu vício das 21 horas.

Explico.

Até o dia 08/11 estão ocorrendo diariamente as 21h os satélites para o torneio de Poker na Costa Rica em dezembro pelo Pokerstars.com - é gratuito, para participar basta acessar o site do PokerStars - e eu sempre que possível tenho tentado uma das vagas pra próxima fase, só que claro, não é tão fácil assim... até porque geralmente são em torno de 2500 inscritos por dia.
A minha melhor classificação nessas últimas tentativas que tinha feito era o 845 lugar, até ontem...

Ontem eu apesar de um início meio inseguro, fui jogando e ganhando, conforme o tempo ia passando eu ia aumentando as minhas fichas e "rapando" um a um que ia pro all in.
Quando vi eu estava em primeiro lugar. Quase não acreditei, sabia que estava bem, mas não a esse ponto. O torneio teve a sua primeira pausa e eu me sentia estranho, uma espécie de euforia e nervosismo com cansaço e ansiedade, mas ainda faltavam 800 competidores e já eram 1:00 da manhã.

Tudo certo, um café pra acordar e um roque pra distrair - aproveitando o embalo do show de amanhã 29/10 no Ocidente, coloquei o cd dos Dinartes pra fazer a trilha da classificação - uma mijada pra garantir no mínimo mais uma hora sem sair da frente do computador e lá vou eu rumo a Costa Rica.

A segunda parte da competição começou e eu continuava indo muito bem, cai um pouco nas posições mas me mantive sempre entre os cinco primeiros. Já eram 2:40 da manhã e ainda restavam 33 participantes, os blinds agora eram de 5000, o cansaço agora era considerável, as cartas saiam de foco devido ao sono, joguei algumas mãos muito mal mas eu ainda continuava com a classificação garantida, estava como diria "administrando" a situação - classificam-se os dezoito primeiros - até que entra o novo intervalo.

Pensei: - Ufa! mais que na hora, da pra lavar a cara, pegar um café e voltar pra pegar meu passaporte para a próxima fase.

Mas... quando voltei ao computador a minha conexão tinha caido e não voltou durante os próximos 30 min!! Eu não podia acreditar que o seu Net tava fazendo isso comigo, depois de 4 horas de tensão, jogadas sensacionais, muitas xícaras de café e a empolgação de ser um dos finalistas do torneio a porra da internet resolve parar!!!
Fiquei desolado olhando pra tela do computador sem acreditar, não dormi depois, não tinha mais sono, não sentia mais nada, fiquei olhando pro computador e pensando se ele tinha feito isso de propósito, ou um hacker que tava vendo minha brilhante participação resolveu me derrubar... enfim, fui dormir as 4:30 da manhã com um gostinho azedo de quase ter ganho meu primeiro torneio de Poker.

Hoje vou ao cinema.

27 de outubro de 2009

GIG Rock 2009

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companho o GIG Rock desde a primeira edição na antiga fábrica em 2006, quando ainda tinha dúvidas se tinha feito certo em largar a minha vida de executivo pra voltar a viver apenas do roque. Sim, dúvidas, afinal viver como roqueiro é macheza*, todo mundo sabe disso... não?
Enfim, passaram 3 anos e passaram várias bandas muito bacanas pelo palco do GIG Rock e sempre que podia lá estava eu.
Este ano não podia ser diferente. Só que não estarei apenas como espectador, estou trabalhando na produção desse que pra mim será o maior de todos os festivais independentes de roque aqui em Porto Alegre.
Vou tentar "postar" todo o andamento da coisa até o dia do festival, claro, conforme o andamento da correria...
então, como diria meu amigo Vandu (Evandro Bitt, banda Identidade).
É GIG Rock! Valeeeeuu!

*macheza - da interjeição "má que macheza" recorrente entre os roqueiros da serra gaúcha, quando uma coisa é muito árdua e difícil, causando uma "macheza" do ente envolvido na coisa pra resolver a situação.




PROGRAMAÇÃO:

15h – Todo Rock - debate sobre a cena roqueira independente nacional, com curadoria de Marcelo Ferla, gerente artístico da Oi FM Porto Alegre
17h – abertura dos shows, com banda Oi Novo Som
17h40min – banda Oi Novo Som
18h – Gullivers
18h30min – Valentinos
19h – Hablan por La Espalda (Uruguai)
19h40min – Walverdes
20h20min – FENX
20h40min – Dante Inferno (Uruguai)
21h20min – Tonho Crocco
22h10min – Mallu Magalhães com participação de Marcelo Camelo
23h10min – Pato Fu
0h10min – Graforreia Xilarmônica
1h10min – Os Efervescentes
1h50min – Bidê ou Balde
2h50min – Tenente Cascavel


E mais:
Mercado Lado B com bazar, acessórios de rock, lojas

SERVIÇO

GIG ROCK - 7ª edição
Dia 7 de novembro – sábado
Casa do Gaúcho – Parque Harmonia (Rua Otávio F. Caruso da Rocha, 301)
Abertura dos portões às 15h
Debate Todo o rock - 15h
Início dos shows - 17h
Ingressos antecipados: R$ 20,00
nas Lojas Oi – Andradas, 1273 loja 05/06 e Iguatemi
e King 55 (Dna. Laura 78)

Desconto de 50% para clientes Oi (dois ingressos por pessoa)


Patrocínio: Oi Fm
Apoio: Secretaria Municipal de Cultura / Prefeitura Municipal de Porto Alegre
GIG ROCK é filiado à Abrafin


23 de outubro de 2009

O uivo e o VMB

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Quando dei por mim estava em Florianópolis e não tinha mais volta. Eram 7:00 da manhã, tinha dormido mal pra caraleo – não tem santo que me faça dormir em ônibus, quer dizer, tem o santo Lexotan, mas dessa vez ele não apareceu... – e tinha muitos e muitos Km dirigindo pela frente.

O culpado disso tudo é o Ricotta –
Felipe Ricotta é o cara por trás da máscara do Kiabbo no programa 15 min. MTV – que veio ao sul cumprir agenda da sua beatnik carreira musical, o cara viaja o Brasil inteiro no seu carro divulgando e fazendo shows do seu visceral trabalho de estréia “Você não esta entendendo porra nenhuma!!”.
Só que dessa vez ele deixou o carro pelo caminho, na casa da tia em Florianópolis.
Daí que veio a idéia... “Caco, pega meu carro em floripa e sobe pra São Paulo pro VMB...”

- Como assim Ricotta?

ele tasca no seu “carioques” todo chiado.

- Olha só, deixa eu falar. Pô. Ai, vo te que cancelar o lance de segunda com o Tchê lá no Jekyll brother. Os cara lá da MTV me querem na terça as 4 da tarde pra gravar os lances do VMB, se tiver que passar em floripa e pegar o carro, não vai da tempo. Daí que tava pensando em fazer o lance no Jekyll e pegar um avião na terça pela manhã e tu subia com a Inayara (produtora) pegava o carro no caminho e colava lá em casa.

- hummm...

Pensei, pensei, quando vi era segunda à tarde o maluco tinha comprado a passagem e já era tarde demais pra voltar atrás. Fodeu.

Quarta feira 30 de setembro de 2009

Eeeeeee! Finalmente chegando em São Paulo.
A viagem realmente não foi das melhores, posso dizer que ficou entre as 10 piores na real. Claro, o Golzinho piorado do nosso amigo Ricotta não ajudou em nada, assim como quase ficar sem combustível na serra por um cálculo mal feito da minha “navegadora” Inayara, levar uma fechada a 100 km/h na Régis Bittencourt, pegar uma chuvarada e ver um corpo estirado no asfalto por causa de um acidente.
Mas afinal, estamos chegando a São Paulo. Vivos!

18:01

- Tá e agora Inayara? Eu nunca entrei dirigindo em São Paulo e não tenho a menor idéia pra onde ir...
(a Inayara é mineira. Quieta e de movimentos lentos... sacou?)
- nah... eu sei, é só pegar a marginal Pinheiros.
- a quanto tempo tu ta morando em São Paulo mesmo?
- 3 meses...
- tsss...

18:10

- e ai Inayara, cadê a entrada da bendita marginal?
- nah... segue em frente, daqui a pouco aparece.
...

18:20 – o trânsito começa a me parecer o Camboja no auge da guerra.

- não tinha outro horário pra gente chegar não?!
- ali! ali! Vira à direita!!

Fácil assim, virar à direita...
Depois de escapar do caminhão e dar uma fechada cinematográfica no taxista, entrei à direita.

18:31 – CAOS!

- Tem certeza que é pra esse lado??
- não... Vou perguntar pro motorista daquele carro, cola do lado.
- Boa tarde, o Brooklin é pra esse lado?
- Não! (sorriso irônico), têm que pegar aquele lado lá.

Óbvio que o lado que ele apontou era o oposto de onde vínhamos e pra chegar lá tínhamos que atravessar o equivalente a um fogo cruzado com bombardeio caindo na cabeça e um campo minado aos nossos pés – adoro um exagero!

18:45 – um tanto irado após se perder em uma rótula e ficar dando voltas até conseguir entrar no sentido certo e pegar um engarrafamento.

- precisamos abastecer.


Parados no posto de combustível


- olha só, vou deixar essa josta aqui e vou de metrô. Chega!
- calma. Tamo chegando, agora eu sei o caminho.
- tu ta me dizendo isso desde a entrada em São Paulo.


18:55 – aaaaaaaaaaaaaaa!!!

- Porque estamos passando em frente ao Shopping Morumbi se temos que ir pro Brooklin... a placa ta apontando o Brooklin pro outro lado.
- É, acho que pegamos a entrada errada. É pra lá mesmo.
...

19:19 – silêncio desconfortável no carro

- Pronto viu, é só dobrar a esquerda, o prédio é aquele ali ó.

- ZZZZZZZZZZZZZZZZZ!

...

Acordei na quinta feira com vários corpos estirados pelo apartamento do Ricotta, todos dormindo é claro. Inayara, Titi e Ricotta, roncavam e faziam sons estranhos enquanto eu ainda acordava pensando que não tinha visto nada desde que me joguei no colchão onde acordei, tinha morrido e acordado no dia seguinte, era isso.

Fui pegar um café e no meio de malas, livros, meias sujas, revistas, embalagem de pizza, cacos de vidro e mais um monte de coisas que se tornaria até monótono continuar relatando, achei o livro “O uivo” do Allen Ginsberg - huuum - agora sim a coisa tava tomando cara de felicidade.
Após ler e reler trechos aleatórios do livro e tomar umas 3 xícaras de café, sentia que agüentaria a jornada até a manhã do dia seguinte.

Agora era providenciar o acesso a premiação e festa do VMB.

Liguei pro meu amigo – que não vou citar nome porque ele me pediu, homem muito sério esse! - um dos produtores do VMB que prontamente me facilitou o acesso, combinamos as 20:00 na frente do Credicard Hall. Tudo certo, aguardava apenas a chegada dos
Identidade, Lucas Hanke e Eduardo Dolzan, pra ir a maior premiação pop-rock-teenager brasileira.

Depois de passar por uma cena do “globo repórter” – inventamos de ir de trem... sabe aquelas cenas em que as pessoas são enfiadas pra dentro do trem e as de dentro empurrando pra ela sair e a porta fechando e tu sendo esmagado como uma sardinha? Então... é isso que estou me referindo – chegamos ao Credicard Hall e como combinado o Homem muito sério estava nos aguardando acompanhado do excelente Caju – braço esquerdo e direito do homem muito sério, como o próprio Caju se descreveu – que acabou nos colocando em um camarote baixado na premiação. Por sinal o que não faltava na platéia ali presente eram gaúchos, assim como a premiação, a noite era da gauchada em São Paulo.

Tirando a apresentação mais que divertida do Massacration com o Falcão, o resto foi um pastelão de cartas marcadas, ficando o protesto de não entender porque
Pata de Elefante e Pública ficaram de fora dos shows da apresentação principal.

Ah! E os Ferdinand que me perdoem, mas que apresentaçãozinha mais pau mole, por favor.

Finalizada a palhaçada, embarcamos na van da Pata de Elefante rumo a badalada festa no espaço das Américas na barra funda. Papo descontraído sobre a mais que merecida premiação da Pata em música instrumental e a van andando, andando... um tanto de tempo depois chegamos a festa, confesso que já estava bem sonolento, tínhamos andado pra caramba e a maratona do dia já era grande a essa altura do início da madrugada.

13:06 sexta feira – dia seguinte da premiação

O ônibus entra pela Paulista e me pergunto por que tive a maldita idéia de voltar a beber depois de 60 dias sóbrio. Não bastasse os 32 graus lá fora, cada chacoalhar do ônibus fazia meu fígado parecer uma geléia se desmanchando e pronta a jorrar por todos os meus poros.

Ressaca de deixar o cara verde...

Desço do ônibus e primeira coisa que me ocorre é achar um banheiro. Nada. Nem na estação do Metrô nem em uma galeria que invadi com cara de desespero.
Minha pressão dava a impressão de estar no -15 (a alta), e pra não cair duro ou vomitar no meio da Paulista, me sentei na calçada e forcei minha cabeça a lembrar da noite anterior enquanto esperava o taxi que viria me salvar.

Lembro de acordar em um apartamento todo torto no sofá. No sentido mais “irreversível” da coisa, o resto da festa passa em um flash único de trás pra frente.

Algumas celebridades, muita bebida liberada, uma aglomeração no espaço dos fumantes e só.

O resto da história o Finatti (
Rolling Stone e Dynamite) colocou muito bem no blog dele Zap' n' roll
"Festa nada estranha com povo nada esquisito"...